AXECIDYR
Looking Up from Underneath
Diogo da Cruz23.09 — 23.11
Tal como os seres humanos, que procuram respostas para as questões não resolvidas das suas vidas dentro de si mesmos, onde apenas a água pode retê-las, as profundezas do oceano retêm todas as pendências, tudo quanto permanece por resolver e diz respeito às atrocidades do passado colonial da nossa civilização. Literal e metaforicamente, aprofundar, ou mergulhar fundo é uma ação especulativa. Através da sua pesquisa e prática artística, da Cruz mostra-nos como a profundidade e a água estão intrinsecamente associadas — biológica, histórica e economicamente — dentro do nosso corpo, no oceano que separa e liga as nossas diferentes geografias, e também nos jogos financeiros e capitalistas representados pela exploração mineira nas profundezas abissais.
Diogo da Cruz investiga esta memória descentralizada, que se encontra no fundo das águas que constituem os oceanos e os nossos corpos humanos, invertendo a nossa perspetiva vertical — de cima para baixo. À deriva, ele explora novas formas de pensar sobre a vida quebrando fronteiras físicas, cronológicas e geográficas. Ao ousar imaginar novas ligações entre água e profundidade, ele reflete e sugere novos modos de cuidar da água nos nossos corpos e oceanos, retratando-a como um vasto dispositivo mnemónico capaz de recordar quem fomos, quem somos e quem seremos, seja como indivíduos ou como comunidade.
Irene Campolmi