Helena Almeida, Christian Andersson, Joachim Bandau, Becky Beasley, Michael Biberstein,

João Biscainho, Luís Paulo Costa, Dénes Farkas, Ângela Ferreira, John Wood and Paul Harrison,

Sabine Hornig, Adelina Lopes, Anthony McCall,

Mohau Modisakeng, Matt Mullican,

João Onofre, Tristan Perich, Pedro Cabrita Reis,

André Romão, Julião Sarmento, Rui Toscano,

Francisco Tropa e Sophie Whettnall

A exposição Comedores de Rosas, ides beber da Lua! reúne pela primeira vez um conjunto significativo de trabalhos da Fundação Leal Rios fora da sua sede em Lisboa. Comprometida com o legado da arte Conceptual através de trabalhos que materializam a tríade espaço, tempo e corpo, a fundação é uma das poucas colecções de relevo em Portugal que colocam em primeiro plano uma postura curatorial que define com rigor um projecto coleccionista e de conservação para as obras de arte. Colocando trabalhos em novos contextos, prolongamos a sua vida; desta forma, a exposição é ancorada no princípio de que a arte nunca é verdadeiramente completa, mas permanece sempre num processo de construção, uma actividade que exige a participação de artistas, curadores e públicos. Trabalhos produzidos por artistas portugueses consagrados e emergentes são contextualizados por obras de arte criadas pelos seus pares internacionais, sugerindo um ecossistema global da arte em contínua evolução. A tarefa de mostrar uma colecção de arte contemporânea viva e em crescimento é condicionada em proporções semelhantes pelas obras que são seleccionados, por aquelas que ficam de fora e, claro, pela figura do coleccionador. Uma exposição com estas características é de alguma forma devedora da ideia do palimpsesto, repetidamente inscrito por mãos diferentes. O título da exposição é retirado de um poema de Rainer Maria Rilke e é indicativo de uma expansão da percepção para além do domínio da visão, no sentido da sensação corporalizada. Na nossa perspectiva, a arte contemporânea vive tanto de ideias intelectuais como de sensações pessoais e atmosféricas. A exposição é construída a partir das disciplinas centrais da colecção, todas elas associadas ao conceito de performatividade — instalação, performance, imagem em movimento e som —, para apresentar uma coreografia espacial que se completa com o trabalho da audiência. Comedores de Rosas, ides beber da Lua! substitui a contemplação silenciosa ou a interpelação intelectual rarefeita por um ambiente imersivo de artefactos que se acotovelam uns aos outros, em acções que oscilam entre o diálogo e o conflito, uma atitude evocativa da abordagem enciclopédica à cultura como repositório de incontáveis recombinações que apostam em manter todas as peças em cena. Não há, por assim dizer, uma intenção final; o significado de cada trabalho, ainda que possa ser inferido, está sempre à espera de ser determinado pelo acto de percepção. A performatividade é, então, uma forma de actuar que pressupõe a co-criação de realidades. O historiador Norman M. Klein refere-se a uma imersão em espaços encenados, desenhados para destacar o percurso do espectador — o espaço através do qual este entra na narrativa. Consequentemente, Comedores de rosas, ides beber da Lua! divide a galeria em três espaços principais que sugerem narrativas possíveis. O hall de entrada atrai os visitantes para a exposição através do som, não da visão. O som reverbera por todo o espaço, estimulando a curiosidade do público, um estratagema utilizado ao longo da exposição para criar pontos de atenção e como mecanismo equalizador — tal como numa biblioteca, produzindo um gentil murmúrio que eleva o som ambiente —, para dar textura às superfícies angulares da galeria recém-construída. A primeira zona é dominada por uma grande plataforma, pintada de verde camuflado onde podemos encontrar algumas esculturas rodeadas por monitores vídeo e imagens emolduradas. A plataforma funciona como uma «ilha» flutuante que oferece um espaço comum a trabalhos aparentemente distintos; uma ilha que, de alguma forma, é reminiscente do ideário incerto da utopia, no qual modelos e propostas congeminam entre si a criação de novos mundos. O espaço central utiliza um arranjo mais generoso para reunir obras de arte que tiram partido da abstracção e redução progressiva para pôr em foco o acto de percepção em si mesmo. O espaço final aprofunda as sombras, do metafórico à experiência física e apresenta uma série de tableaux teatrais parcamente iluminados nos quais convergem questões de escala, ilusão e atmosfera.



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